Seul sobe ajuda ao desenvolvimento em África em troca de cooperação
A Coreia do Sul vai
aumentar a ajuda ao desenvolvimento em África e aprofundar a cooperação em
matéria de minerais e tecnologias essenciais, anunciou hoje o Presidente Yoon
Suk Yeol, no lançamento da primeira cimeira Coreia-África em Seul.
Yoon instou ainda as
dezenas de chefes de Estado e de governo africanos presentes a darem passos
mais firmes numa campanha de pressão internacional contra a Coreia do Norte,
numa altura em que as relações entre as duas Coreias, divididas pela guerra, se
deterioram.
Representantes de 48
países africanos, incluindo 25 chefes de Estado, participam na cimeira de dois
dias, onde se espera que as conversações se centrem no comércio e no
investimento.
Entre estes, os
Presidentes moçambicano, Filipe Nyusi, e os homólogos cabo-verdiano e
são-tomense, José Maria Neves e Carlos Vila Nova, marcam presença. O Presidente
angolano, João Lourenço, visitou a Coreia do Sul no final de abril também
durante dois dias, em que manteve encontros de alto nível, para identificar "novas
áreas de parcerias".
Atualmente, o comércio
do país asiático com os países africanos representa menos de 2% do total das
importações e exportações da Coreia do Sul.
Para a Coreia do sul, a
expansão dos laços com África na área dos minerais e recursos é essencial para
melhorar a resiliência da cadeia de abastecimento do país em setores
tecnológicos fundamentais.
À abertura dos trabalhos
hoje, sucede-se um período de conversações de alto nível com o objetivo de
melhorar a cooperação em vários domínios, à cabeça dos quais pontua o setor dos
minerais.
África é uma importante
fornecedora de minerais como o níquel, cobalto, grafite e lítio, cruciais para
as indústrias tecnológicas, como os semicondutores, baterias e veículos
elétricos, que são os principais produtos de exportação da Coreia do Sul.
A Coreia do Sul está a
enfrentar desafios crescentes para garantir o fornecimento estável de minerais
essenciais, tendo até à data assegurado um número muito menor de minas no
continente do que alguns concorrentes diretos como a China, Estados Unidos, ou
Japão.
Yoon afirmou que a
Coreia do Sul tenciona aumentar as suas contribuições para a ajuda ao
desenvolvimento em África para cerca de 10 mil milhões de dólares (9,2 mil
milhões de euros) até 2030 e disponibilizar separadamente 14 mil milhões de
dólares (12,88 mil milhões de euros) em financiamento às exportações para
incentivar o investimento sul-coreano no continente.
"Também iremos explorar formas sustentáveis
de cooperação em questões que estão diretamente ligadas ao crescimento futuro,
incluindo o fornecimento estável de minerais críticos e a transformação digital",
anunciou Yoon.
Uma colaboração mais
forte na construção de infraestruturas sustentáveis em África, incluindo
cidades inteligentes baseadas em dados e sistemas de transporte inteligentes,
foi outro dos compromissos anunciados por Seul.
A aproximação da Coreia
do Sul a África ocorre numa altura em que a Coreia do Norte está a tornar-se
mais ativa na tentativa de sair do seu isolamento diplomático e construir
relações de cooperação com países que fazem frente aos Estados Unidos na arena
internacional.
O líder norte-coreano,
Kim Jong Un, que diz que o mundo está a viver uma "nova Guerra Fria",
aumentou nos últimos meses a visibilidade dos seus laços com a Rússia e a China
e enviou uma delegação governamental ao Irão.
A Coreia do Norte mantém
relações de longa data com várias nações africanas, incluindo o Uganda,
Zimbabué e Moçambique, embora alguns governos da região tenham reduzido os seus
laços com Pyongyang, devido ao reforço das sanções da ONU sobre os seus programas
de armas nucleares e mísseis.
Há anos que os peritos
da ONU acusam a Coreia do Norte de obter receitas ilícitas de África através de
projetos de infraestruturas, venda de armas e outras atividades.
Yoon descreveu hoje a
situação de segurança da Península Coreana como estando num "estado muito
grave", na sequência de uma série de provocações e atividades militares
norte-coreanas, incluindo o lançamento sem êxito de um satélite de reconhecimento
militar no mês passado.
"Juntamente com os nossos amigos em África, a Coreia do Sul aplicará integralmente as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e trabalhará para salvaguardar a paz na Península da Coreia e na comunidade internacional", afirmou Yoon.
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