Gás Natural de Moçambique tem potencial para render 100 mil milhões de dólares ao país
A consultora Deloitte concluiu que as reservas de gás natural de Moçambique
representam receitas potenciais de 100 mil milhões de dólares, destacando a
importância internacional do país na transição energética.
"As vastas reservas de gás do
país poderão fazer de Moçambique um dos dez maiores produtores mundiais,
responsável por 20% da produção de África até 2040", refere o
relatório de 2024 da consultora internacional sobre as perspectivas energéticas
de África, dedicado a Moçambique, que a Lusa teve acesso hoje, dia 12 de
Fevereiro de 2024.
Moçambique poderá "contribuir
significativamente para as necessidades energéticas mundiais, tanto durante o
período de transição energética como estabelecendo capacidades fortes em toda a
cadeia de valor das energias renováveis. A transição para as energias
renováveis apresenta uma oportunidade para responder às necessidades
energéticas do país, ao mesmo tempo que ultrapassa a adopção de tecnologia e
desenvolve cadeias de valor locais e as novas competências para satisfazer
estas necessidades da indústria", lê-se no relatório em alusão.
O relatório aponta que se espera que o gás natural "traga cerca de 100 mil milhões de dólares de
receitas para Moçambique ao longo do seu ciclo de vida" e que o país
tem ainda "uma vantagem competitiva
significativa em energias renováveis com activos hidroeléctricos, como a
barragem de Cahora Bassa (2.000 MW) e o "potencial futuro" da
barragem de Mphanda Nkuwa (1.500 MW), "permitindo a descarbonização da
indústria regional".
"O país também tem um elevado
potencial solar", destaca o relatório, referindo-se às centrais (80
MW) que já foram instaladas em Mocuba e Metoro.
"Espera-se que a procura de
electricidade pelas famílias aumente com o ambicioso programa de electrificação
do Governo", denominado "Energia
para Todos", bem como pelo "aumento
do uso obrigatório de biocombustíveis" decidido pelo executivo,
acrescenta a Deloitte.
"Com medidas eficazes,
Moçambique poderá tornar-se um centro energético na África austral",
aponta o relatório.
Medidas, acrescenta a consultora, como a definição "de um plano estratégico para cada fonte de
energia", o desenvolvimento das "cadeias de valor e indústrias locais ligadas às energias renováveis e
produtos associados", a atracção do sector privado, a promoção da
liberalização económica e modificações ao quadro jurídico.
"Moçambique precisa de definir
uma estratégia para navegar na descarbonização dos mercados globais e da sua
própria economia. Especificamente, como se posicionar nas diversas cadeias de
valor, vendendo energia e outros produtos e serviços de valor acrescentado, em
vez de vender apenas os produtos associados, como o gás, o carvão e os minerais
raros", defende o relatório da Deloitte.
Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para
exploração das reservas de gás natural da Bacia do Rovuma, classificadas entre
as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.
Dois desses projectos têm maior dimensão e prevêem canalizar o gás do
fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para o exportar por via
marítima em estado líquido.
Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras
avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após um ataque armado a
Palma, em Março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só
retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura.
O outro é o investimento, ainda sem anúncio à vista, liderado pela
ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).
Um terceiro projecto concluído e de menor dimensão pertence também ao
consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma flutuante de captação e processamento
de gás para exportação, directamente no mar, que arrancou em Novembro de 2022.
A plataforma flutuante deverá produzir 3,4 milhões de toneladas por ano (mtpa) de gás natural liquefeito, a Área 1 aponta para 13,12 mtpa e o plano em terra da Área 4 prevê 15 mtpa. (Fonte: RM)
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