“Religiosos devem investir na educação para a paz” – Joaquim Alberto Chissano

 

As confissões religiosas devem investir na educação como contributo para o combate ao terrorismo, que desde 2017 assola a província de Cabo Delegado, e para o fim dos conflitos no centro do país.
Este apelo foi feito ontem na Praça da Paz, cidade de Maputo, pelo antigo Presidente da República, Joaquim Chissano, durante um encontro inter-religioso denominado “Clamor por Moçambique”, organizado pelo Conselho das Religiões de Moçambique (COREM), com o apoio da organização humanitária cristã World Vision- Moçambique (WV-Moc).
Joaquim Chissano, que lembrou não ser esta a primeira vez que um acontecimento do género é realizado na Praça da Paz, defendeu que as religiões devem orar sempre pelo bem-estar dos moçambicanos.
“Não devemos lembrar de Deus apenas no sofrimento”, exortou, afirmando ser urgente cumprir as recomendações emanadas nas escrituras sagradas de modo a sonhar-se com um Moçambique livre dos problemas que enfrenta hoje, com destaque para a pandemia do novo coronavírus, o terrorismo em Cabo Delgado e o conflito armado na região centro.
Joaquim Chissano defende que, para tal, a educação é crucial e deve ser o principal investimento dos líderes religiosos, que ao mesmo tempo são desafiados a profundar a reflexão sobre o que estará a falhar para que alguns jovens se aliem aos terroristas.
“Será que fizemos tudo para que os nossos filhos não fossem ganhos pelo mal? A minha e a sua igreja fizeram o suficiente? Porque lutamos entre igrejas e não concentramos a oração para que a nossa educação seja eficaz?”, questionou.
Por seu turno, o vice-ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Filimão Suaze, considerou que o esforço das confissões religiosas é visível no combate a diversos males que enfermam a sociedade.
“As palavras de conforto e outras acções que se têm feito presentes têm-se revelado decisivas na angariação de apoio material e conforto moral e psicológico às vítimas dessas tragédias”, afirmou. José Guerra, em representação do Conselho das Religiões de Moçambique (COREM), defende que as confissões sempre estiveram firmes na luta pela manutenção da paz, como se nota com a sua participação nos processos que culminaram com a assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992, pondo fim à guerra dos 16 anos, e do Acordo de Cessão de Hostilidades Militares em 2019.
“É preciso unir esforços para que encontremos a paz com o apoio do governo”, apelou José Guerra.
O reverendo João Damião Elias, secretário-geral do Conselho Cristão de Moçambique (CCM), é da opinião que é papel da igreja prestar assistência humanitária às vítimas do terrorismo. “As confissões religiosas estão no terreno a apoiar as comunidades a erguer as suas tendas e a distribuir alimentos às famílias sem abrigo, emprego e vestimenta”, considerou.

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